Você gosta do que faz? Quando está em direção ao trabalho, vai com alegria ou carrega o fardo de mais um longo e exaustivo dia? E nas horas vagas? Aí você se diverte! Ou não?! Passa as tardes, noites ou manhãs descansando dos dias anteriores e aborrecido com os dias vindouros?

Infelizmente esta é a triste realidade de boa parte da população mundial. As pessoas apenas “trabalham”, de forma mecânica e assintomática, deixando que uma enxurrada de horas, dias, meses e anos levem a sua vida e sua infinita árvore de possibilidades passe despercebida. Parece simples e complicado ao mesmo tempo, porém só nos sentimos profundamente realizados quando fazemos o que gostamos, o que nos dá prazer, o que nos motiva à continuar, não importando se aos olhos dos outros pareca bobo ou sem sentido. O que importa é somente aquele sentimento de realização.

    Traduzindo este sentimento de realização, esta é a mensagem do nosso inconsciente a qual nos diz que estamos em congruência com nossas atitudes, ou nossos comportamentos. Esse arrepio na espinha, esta vontade de todos os dias “estar lá” é o melhor sinal que existe para termos certeza de que nossa pirâmide de prioridades e comportamentos está alinhada. Nossa missão de vida, nossa identidade, crenças, capacidades, comportamentos e reações estão em harmonia. Para fazer um autodiagnostico não é complicado, basta se perguntar: o que gostaria de fazer que ainda não fiz? O que gostaria de estar fazendo neste exato segundo? Onde queria estar? Estas perguntas atiçam nosso inconsciente e quase sempre ele responde mais rápido que nosso consciente. Costuma ter uma voz baixa e até um pouco tímida, mas a voz do inconsciente é a verdadeira voz do que acreditamos ser certo para nós mesmos. Algumas pessoas chamam isso de voz do coração.

    Onde quero verdadeiramente chegar é na questão primordial e, para tanto, precisamos quebrar um paradigma:

Ninguém é insubstituível: balela!

    Todos somos peças únicas de um quebra-cabeças cósmico. Temos nosso lugar de direito e direitos de escolha. Quer saber, então, qual o seu lugar? Basta analisar as respostas que obteve nas perguntas acima. Aí então, chega o momento de expor minha teoria:

“Todos somos insubstituíveis, desde que façamos aquilo que nos realize, pois só então, estaremos em estado de plena excelência e seremos inigualáveis. Do contrário, somos números e estatística.”

    Se uma pessoa em estado de excelência, a qual realiza suas atividades de acordo com suas crenças e valores, constantemente alavancando suas capacidades e otimizando seus comportamentos trabalhasse em uma equipe que não valoriza os mesmo ideais, como ela se sentiria? Ela se sentiria pressionada pelo meio e, em algumas situações, em incongruência com o que acredita. Jean-Jacques Rousseau disse uma vez:

“É preciso estudar a sociedade pelos homens, e os homens pela sociedade: os que quiserem tratar separadamente da política e da moral nunca entenderão nada de nenhuma das duas.”

    Ou seja, o meio faz o indivíduo e o indivíduo faz o meio. Logo, nos vemos constantemente pressionados por outros modelos mentais, os quais põem nossa firmeza de propósito em xeque. Teoricamente, em uma sociedade, nunca poderemos ser plenamente nós mesmos, pois alguns dos nossos valores e crenças podem conflitar com os valores e crenças alheios. É realmente isso? Porque se for realmente isso, verdadeiramente ninguém é insubstituível.

    Não passamos de um emaranhado de modelos mentais diferentes e insatisfeitos de modo a encaixar em uma sociedade com regras e limitações? Pessoalmente, não acredito nisso, já que também o meio é formado pelo indivíduo, logo, nossa sociedade também é espelho da nossa imagem. O que então nos limita à busca pela voz do coração? O que nos impede de sermos o que queremos ser? E aí chegamos ao nosso grande vilão, ou melhor, nossos grandes vilões: aquilo que chamamos de crenças limitadoras. Crença limitadora é tudo aquilo que previamente acreditamos ser verdade e nos impede, por qualquer razão, de seguir adiante com nossos planos. Façamos o seguinte exercício:

1.     Lembre-se da última vez que teve uma ideia brilhante ou vontade de fazer uma atividade qualquer, mas não a fez;

2.     Agora se lembre do que sentiu quando teve esta ideia ou esta vontade. Este sentimento é a sua voz do coração (inconsciente) dizendo que isto está correto para você;

3.     Agora se lembre do que pensou na hora que o fez trocar de ideia (provavelmente estes mesmos pensamentos já o estão rodeando). Deve ter sido algo relacionado aos comentários de alguém, reprovações de outros, isso pode ter criado certo sentimento de timidez, vergonha e finalmente a reprovação.

    Todo este arsenal de modelos pré-concebidos, os quais te fizeram mudar de ideia, são o que chamamos de crenças limitadoras, ou seja, aquilo que “achamos” que vá acontecer e pode nos limitar ou reprovar na execução do que sentimos como ser verdadeiro para conosco. Anthony Robbins disse muito bem em seu best-seller O Poder sem Limites: “Nossas crenças são limitadoras e traidoras”. O que ele quer dizer, é que muitas vezes deixamos de fazer algo que nos realize para satisfazer desejos ou opiniões de outros que ainda nem sabemos se de fato se concretizarão. Leia de novo esta última frase e entenda o quanto ela é absurda. Entenda o quanto nos podamos em virtude de acontecimentos que talvez nunca aconteçam.

    Este é o comportamento da maior parte das pessoas, pois muitos julgam ser de extrema importância a sua imagem perante a sociedade, mesmo que para isto, tenham que abrir mão de sonhos e calar a voz de seus corações. Infelizmente esta porção do mundo, só descobrirá o que fez a si mesma muito tarde na vida.

    Agora se imagine num mundo onde todos fazem exatamente o que queriam fazer, será que isto é tão utópico? Será que neste instante não existe alguém querendo ocupar uma vaga em um trabalho que você julga entediante, mas a outra parte entende como um sonho? Eu conheço pessoas que amam trabalhar com projetos, a falta de rotina, o dia a dia tratando com diversas pessoas diferentes e odiariam trabalhar em um escritório fechado o dia todo com uma rotina pré-definida. Mas por outro lado, também conheço uma pessoa que ama seu trabalho no escritório de contabilidade, tratando de números o dia todo e com uma rotina pré-estabelecida, ajudando os outros a entender melhor seus dados, tendo aversão a tratar com pessoas e falar em público. A máxima diz: gosto não se discute. Realização de vida, muito menos.

    Concluindo, gostaria de deixar um dever de casa: a partir de hoje, experimente desafiar os sentimentos negativos que o levam a desistir das coisas. Ao primeiro sucesso, terá a mais fantástica das conclusões e um esbravejante “eu disse!!!” do seu inconsciente, ou do seu coração. Mário Quintana, sabiamente escreveu:

“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!

Quando de vê, já é sexta-feira!

Quando se vê, já é natal…

Quando se vê, já terminou o ano…

Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.

Quando se vê passaram 50 anos!

Agora é tarde demais para ser reprovado…

Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…

Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…

E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.

Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.

A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.”

Rafa Vulcani

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